Bragança Jovem Popular

Bragança Jovem Popular é o blog da distrital da Juventude Popular que se impõem pela diferença: não criticamos sem propor, não propomos só por falar, nem falamos sem conhecer. Porquê?! Simples!... Porque àqueles que "falam, falam, falam e não fazem nada", escasseia algo que nós temos de sobra: irreverência, ideias e vontade de agir!

quarta-feira, junho 20, 2007

Por favor belisquem-me...

Caros Amigos,

Aqui vos deixo o artigo que escrevi para o Diário de Trás-os-Montes sobre a situação da saúde no distrito.

Por favor belisquem-me!...

Na semana passada, ouvia o Ministro da Saúde na Assembleia da República a tentar justificar as suas injustificáveis decisões, no que diz respeito à “raciocinalização dos serviços”. Como se não chegasse as atitudes do Sr. Ministro no Ministério da Saúde – e como muito bem diz o nosso povo “os actos falam por si”- encara qualquer crítica ou pergunta da oposição com a arrogância de quem se julga um cérebro – e certamente raro– digno de investigação ao melhor nível, nunca num serviço hospitalar de província, claro está!
Dirão que escrevo este artigo, ainda que não colocando a razão de parte, influenciada por sentimentos. É verdade. Mais. Não só é verdade como sou eu própria que o confesso. Mais do que por ser militante de um partido de oposição a este governo, sendo portuguesa de “alma e coração”, não consigo ficar indiferente ao ataque ao Serviço Nacional de Saúde que o Sr. Ministro tem perpetrado.
Alvo particular dos desvaneios do Dr. Correia de Campos é o Interior de Portugal. Coincidência das coincidências! Além de portuguesa, sou orgulhosamente transmontana!... E não me esqueço que foi através de uma entrevista que o Sr. Ministro anunciou o encerramento da maternidade de Mirandela (“Etcetera de Verão”, 6 de Agosto de 2006, “Jornal de Notícias”). Essa mesma entrevista ficou marcada por numerosos “tesourinhos” com que o Dr. Correia de Campos nos brindou, como a afirmação “Nunca vou a SAP, nem nunca irei!”. Com esta tendência para o disparate, não haverá certamente quem bata o Sr. Ministro quando for o nosso tempo o fabricante de “Tesourinho deprimentes” da versão de então de uma especie de...
Estávamos nós em Janeiro de 2006 quando o Deputado Mota Andrade garantia que o governo não retiraria nenhum serviço da região e que, passo a citar, “pelas minhas palavras os habitantes do distrito de Bragança podem ficar descansados”. Pois. Não ficámos e ainda bem que não ficámos! Três meses depois, o CDS-PP apresentou um voto de protesto na Assembleia da República onde se lia que “a decisão de encerramento dos blocos das maternidades de Barcelos, Santo Tirso e Bragança ou Mirandela não faz nenhum sentido e penaliza fortemente o Norte do País...". O voto de protesto foi chumbado com o voto contra da bancada do PS. Palavras leva-as o vento... E que rajada vinda do Minho se sentiu então meus Senhores!
Felizmente muitos sabem separar os interesses partidários dos interesses da nação e da região. Não esqueço que vi alguns dirigentes socialistas ao meu lado nas várias manifestações já realizadas e que espero que se venham a repetir.
Com a assinatura do protocolo de cooperação entre o Ministério da Saúde e os Municípios do distrito de Bragança, confesso que fiquei um pouco mais confiante no futuro. Falsas esperanças. O Centro Hospitalar do Nordeste decidiu, esta semana, encerrar o bloco operatório da urgência médico-cirúrgica, entre as 24h e as 8h, do Centro Hospitalar de Mirandela. Esta decisão é inaceitável ao dar-se primazia, mais uma vez, a critérios numéricos que ficam indiferentes às necessidades reais da população. Além da total incompreensão que esta decisão merece do ponto de vista político-social, do ponto de vista jurídico, qual é a sua compatibilidade com o protocolo atrás mencionado? E com o despacho n.º 18 459/2006 do Gabinete do Ministro – Ministério da Saúde, nomeadamente com o artigo 2º, número 2 alínea d) que afirma que o serviço de urgência médica tem de ter, como valência obrigatória mínima, um bloco operatório 24h/dia? Ou haverá um plano de requalificação de que a população não tem conhecimento?
Quem me dera que este fosse um relato de uma série de ficção de televisão. Seria um programa mau, certamente sem audiência e rapidamente seria tirado do ar... Desde pequena que sempre ouvi nas nossas boas terras Transmontanas, quando havia qualquer problema, o conforto da frase “haja saúde!”. E é bem verdade. Haja saúde que os problemas se resolverão! E o que acontece quando colocam em questão os cuidados de saúde dos habitantes do distrito de Bragança?
Não podemos ficar indiferentes! Com tal fertilidade de decisão, para quando poderíamos esperar o encerramento de toda a região de Trás-os-Montes?! Só me resta a esperança de tudo ser um pesadelo, daqueles que seriam inaceitáveis na realidade e pedir “por favor, belisquem-me!”.

Ana Soares